Não me lembro da voz do Severino, pois falava muito pouco, o necessário, mas me recordo da sua fisionomia de homem de bem, confiável.
Andava limpo e bem composto. Comprava suas roupas na «A Impecável – Maré Mansa», uma loja popular que tinha o seguinte esquema de venda a crédito: os trabalhadores, que tivessem a carteira de trabalho assinada, tinham crédito automático. Bastava apresentar a carteira de trabalho, que, se quisesse, saia da loja de fatiota, sapato e demais acessórios novos. Dizia a propaganda no rádio: "Na Impecável - Maré Mansa, você não precisa de avalista e de mais nada, basta a sua carteira assinada".
Há uns dez anos, tive a felicidade de ouvir o depoimento de um dos sócios da empresa. Perguntado se, à época, havia muita inadimplência no crediário da "A Impecável", respondeu:
- O percentual de inadimplência era desprezível... Os trabalhadores, mormente os nordestinos, são muito corretos. O único patrimônio que eles têm é o nome limpo. Quando não podiam pagar, quase sempre por dispensa no emprego, iam à loja para se justificar e, novamente empregados, retomavam os seus pagamentos. Quando algum deles não honrava o seu compromisso, procurávamos saber junto aos empregadores e, invariavelmente, tomávamos conhecimento de uma história triste de queda de andaime e de outros tipos de acidentes letais." vi Aqui
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