Por Julliane Silveira - Folha OnLine.
Não há números no  Brasil, mas especialistas têm observado um aumento nos casos de lesões  causadas pelo surfe. Mesmo sem estudo formal, as altas taxas de  problemas podem ser explicadas pela popularização da prática na costa  brasileira e pelas mudanças no perfil dos surfistas --que passaram a  praticar o esporte por muito mais tempo ao longo da vida.
"O perfil das  lesões mudou, com as transformações na estrutura da prancha e da idade  dos praticantes. Hoje, temos muito mais surfistas e praticantes mais  velhos, na faixa dos 60 anos", diz Joel Steinman, médico da Confederação  Brasileira de Surfe.
Somente no litoral  de São Paulo, estima-se que haja 30 mil praticantes, de acordo com a  Federação Paulista de Surfe. Em toda a costa brasileira, são cerca de  800 mil, entre amadores e profissionais.
Com essa percepção,  a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia faz um alerta para o  alto risco de lesões em músculos e articulações por causa do esporte.
Além dos traumas  causados por quedas e batidas na prancha, há também prejuízos causados  pelo esforço repetitivo de algumas articulações durante a remada e na  hora de pegar onda, que podem sofrer sobrecarga e desgaste. As áreas  mais atingidas são pescoço, coluna, quadril e joelhos.
"Observamos uma  maior procura desses atletas para tratamento de lesões no quadril.  Parece que são mais comuns do que podemos imaginar", diz o ortopedista  Marcos Contreras, que criou em Florianópolis (SC) um grupo de estudos  para avaliar esses problemas.
Segundo Contreras,  essas lesões são pouco diagnosticadas -geralmente são confundidas com  distensões na virilha e ignoradas pelos surfistas.
"Provocam muita  dor, mas, como o incômodo diminui quando o atleta reduz a frequência dos  exercícios, ele acaba não procurando o médico", acrescenta Contreras.
Os movimentos  constantes de rotação da bacia e dos joelhos com um pé fixo na prancha,  durante as manobras sobre as ondas, são a principal causa desse tipo de  problema.
A maioria dos  lesionados por repetição de movimentos tem músculos encurtados e  apresenta pouca mobilidade na região do tórax, o que também leva a uma  maior incidência de lesões no ombro e tensões na região lombar.
"O surfe pode ser  agressivo para algumas regiões do corpo, dependendo da flexibilidade do  esportista", afirma o professor de educação física Rodrigo Rojas  Sanmiguel, proprietário da Articular Centro de Treinamento, academia que  desenvolve programas de prevenção de lesões para surfistas.
A posição do tronco  durante a remada (constantemente encurvada) força a musculatura do  pescoço e das costas e a coluna vertebral. Com o passar dos anos, pode  causar dores crônicas e hérnias de disco.
"Durante uma hora  de surfe, o esportista passa cerca de 40 minutos sobre a prancha,  remando", diz Steinman, da Confederação Brasileira de Surfe.
Treinamento
Para prevenir esses danos, praticantes do surfe devem realizar  exercícios orientados, para aumentar a resistência muscular e alongar a  musculatura.
"Não foge da  orientação de outros esportes: alongamento e aquecimento antes de entrar  na água e fortalecimento da massa muscular para suportar as exigências  do esporte", diz o ortopedista Ricardo Cury, professor do Grupo de  Cirurgia do Joelho e Trauma Esportivo da Faculdade de Medicina da Santa  Casa de São Paulo.
Atividades como  musculação cumprem a função.
 
 
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