quinta-feira, 15 de abril de 2010

Lesões causadas por Surfe

Por Julliane Silveira - Folha OnLine.


Não há números no Brasil, mas especialistas têm observado um aumento nos casos de lesões causadas pelo surfe. Mesmo sem estudo formal, as altas taxas de problemas podem ser explicadas pela popularização da prática na costa brasileira e pelas mudanças no perfil dos surfistas --que passaram a praticar o esporte por muito mais tempo ao longo da vida.

"O perfil das lesões mudou, com as transformações na estrutura da prancha e da idade dos praticantes. Hoje, temos muito mais surfistas e praticantes mais velhos, na faixa dos 60 anos", diz Joel Steinman, médico da Confederação Brasileira de Surfe.

Somente no litoral de São Paulo, estima-se que haja 30 mil praticantes, de acordo com a Federação Paulista de Surfe. Em toda a costa brasileira, são cerca de 800 mil, entre amadores e profissionais.

Com essa percepção, a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia faz um alerta para o alto risco de lesões em músculos e articulações por causa do esporte.

Além dos traumas causados por quedas e batidas na prancha, há também prejuízos causados pelo esforço repetitivo de algumas articulações durante a remada e na hora de pegar onda, que podem sofrer sobrecarga e desgaste. As áreas mais atingidas são pescoço, coluna, quadril e joelhos.

"Observamos uma maior procura desses atletas para tratamento de lesões no quadril. Parece que são mais comuns do que podemos imaginar", diz o ortopedista Marcos Contreras, que criou em Florianópolis (SC) um grupo de estudos para avaliar esses problemas.

Segundo Contreras, essas lesões são pouco diagnosticadas -geralmente são confundidas com distensões na virilha e ignoradas pelos surfistas.

"Provocam muita dor, mas, como o incômodo diminui quando o atleta reduz a frequência dos exercícios, ele acaba não procurando o médico", acrescenta Contreras.

Os movimentos constantes de rotação da bacia e dos joelhos com um pé fixo na prancha, durante as manobras sobre as ondas, são a principal causa desse tipo de problema.

A maioria dos lesionados por repetição de movimentos tem músculos encurtados e apresenta pouca mobilidade na região do tórax, o que também leva a uma maior incidência de lesões no ombro e tensões na região lombar.

"O surfe pode ser agressivo para algumas regiões do corpo, dependendo da flexibilidade do esportista", afirma o professor de educação física Rodrigo Rojas Sanmiguel, proprietário da Articular Centro de Treinamento, academia que desenvolve programas de prevenção de lesões para surfistas.

A posição do tronco durante a remada (constantemente encurvada) força a musculatura do pescoço e das costas e a coluna vertebral. Com o passar dos anos, pode causar dores crônicas e hérnias de disco.

"Durante uma hora de surfe, o esportista passa cerca de 40 minutos sobre a prancha, remando", diz Steinman, da Confederação Brasileira de Surfe.

Treinamento

Para prevenir esses danos, praticantes do surfe devem realizar exercícios orientados, para aumentar a resistência muscular e alongar a musculatura.

"Não foge da orientação de outros esportes: alongamento e aquecimento antes de entrar na água e fortalecimento da massa muscular para suportar as exigências do esporte", diz o ortopedista Ricardo Cury, professor do Grupo de Cirurgia do Joelho e Trauma Esportivo da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.

Atividades como musculação cumprem a função.

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